terça-feira, 23 de agosto de 2022

Bolsonaro conseguiu o que queria no Jornal Nacional; entenda a análise

Entrevista ao JN.
Jair Bolsonaro conseguiu a visibilidade que queria — e precisava — na entrevista a William Bonner e Renata Vasconcellos, no Jornal Nacional. O roteiro de perguntas não surpreendeu e apenas serviu de escada para o presidente repetir seu discurso contra as urnas, o Supremo e defender seu legado na economia.

Nem as questões sobre sua falta de empatia em relação às vítimas de Covid ou a omissão inicial do governo federal na crise de Manaus enrubesceram o candidato. No duelo de versões travado com os apresentadores, Bolsonaro conseguiu plantar a dúvida na cabeça do eleitor menos informado, o que na política é uma vitória estratégica.

Com exceção de alguns deslizes, como no debate sobre o Ibama, tocar fogo em tratores usados para desmatar a Amazônia, o presidente manteve-se contundente e sereno em suas intervenções. Na TV, imagem tem mais peso que conteúdo. Ou seja, transparecer segurança e controle, acaba impactando positivamente muitos telespectadores.

MAIOR AUDIÊNCIA

A entrevista que Jair Bolsonaro concedeu a William Bonner e Renata Vasconcellos, apresentadores do “Jornal Nacional”, bateu o recorde de audiência de Palmeiras x Chelsea, jogo que decidiu o Mundial de Clubes da FIFA.

Com o futebol, em 12 de fevereiro, a Band conseguiu picos de 34,6 (35) pontos na Grande São Paulo, região usada como referência pelo mercado publicitário. Nesta noite, com a sabatina presidencial, a Globo atingiu máxima de 36,6 pontos na coleta preliminar da Kantar – esse índice deve subir para 37 pontos. Nem a novela “Pantanal”, que atingiu 35 pontos na terça-feira passada, reuniu tantos espectadores em 2022.

IRONIZOU

Jair Bolsonaro foi ao Twitter ironizar a sua participação no Jornal Nacional. Segundo o presidente da República, “foi uma enorme satisfação participar do pronunciamento de William Bonner”.

“Foi uma enorme satisfação participar do pronunciamento de William Bonner. Na medida do possível, com muita humildade, pudemos esclarecer e levar algumas informações que raramente são noticiadas em sua emissora. Pela paciência e audiência, o meu muito obrigado a todos”, declarou o presidente da República, em referência ao que o comitê de campanha chamou de tom inquisitório do apresentador do JN.

ESCRITO NA MÃO

Na entrevista, Bolsonaro recorreu novamente à estratégia de anotar palavras nas mãos para tentar chamar a atenção do público para pautas que dificilmente seriam abordadas pelos jornalistas. Desta vez, o atual chefe do Palácio do Planalto levou anotado na mão esquerda quatro tópicos que puderam ser vistos por quem acompanhava a sabatina do candidato à reeleição: Nicarágua, Argentina, Colômbia e Dario Messer. Os três primeiros são países comandados por presidentes de esquerda. Já Messer é um doleiro que, em delação premiada, disse ter feito entregas de dólares para integrantes família Marinho, dona das Organizações Globo.

De O Antagonista e Metrópoles.

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