Na semana passada a população maranhense foi surpreendida com três mortes ocasionadas por suicídio. Os casos, que foram registrados em Coroatá, Vargem Grande e Presidente Dutra, tiveram uma repercussão ainda maior no estado por envolver adolescentes com idades entre 14 e 15 anos (saiba mais aqui, aqui e aqui).
Os atos praticados por estes jovens fizeram a sociedade refletir quanto ao assunto, que ainda é cercado de preconceitos e tabus. Pensando nisso, a psicóloga Lorrana Uchôa ressaltou a importância de falar sobre o tema de forma consciente e, sempre que necessário, buscar ajuda profissional.
Confira o texto na íntegra:
A cada minuto, ao menos uma pessoa no mundo comete suicídio. No Brasil, a cada 45 minutos uma pessoa tira a própria vida. Este é um fenômeno complexo e multifatorial que pode afetar pessoas de diferentes origens, faixa etárias, condições socioeconômicas, orientações sexuais e identidade de gênero.
O suicídio é compreendido como uma tentativa, marcada pelo desespero e desesperança, de fugir do sofrimento vivenciado a partir de acontecimentos dolorosos, normalmente associados a um adoecimento psíquico. Podemos entender que este ato não se refere ao querer morrer, mas a visão de incapacidade extrema de suportar as angustias, dor e sofrimento.
O tabu existente diante deste tema acaba impedindo que o suicídio seja tratado abertamente pela sociedade, ocasionando consequências negativas. O aumento da consciência individual e como sociedade da sua existência, urgência e gravidade é uma das maneiras de diminuí-lo.
É importante percebemos que o suicídio não é um ato aleatório ou sem finalidade, ele representa a saída de uma situação carregada de intenso sofrimento. Por isso, é crescente o sentimento de alerta quanto ao número de jovens que tiram suas vidas. Visto que, segundo os dados mais recentes do Ministério da Saúde, a morte por suicídio entre adolescentes de 15 a 19 anos aumentou 81% no período de 2010 a 2019.
Pensando no nosso contexto atual, nota-se que a pandemia foi um agravante na qualidade da saúde mental da população em geral e, principalmente, dos jovens. O período pandêmico ocasionou questões de vulnerabilidade financeira, social e emocional, havendo uma lacuna de quase dois anos no desenvolvimento sócio emocional desta população que já enfrenta um turbilhão de desafios nesta fase marcada pela transição da infância para a vida adulta.
Diante da minha prática clínica como psicóloga posso perceber o aumento alarmante de adoecimento mental nos jovens. Por isso faz-se necessário ficarmos atentos aos fatores de risco para o suicídio, falar sobre o tema de forma consciente, desprovida de tabus e preconceitos com filhos, amigos, vizinhos, alunos, professores. E sempre buscar ajuda profissional quando se julgar necessário. Falar sobre nossas angustias nos ajudam a dividir um peso que não precisamos carregar sozinhos.
Vicelma Lorrana Uchôa Reis
Psicóloga
CRP- 22/03124
Excelente profissional
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