Marina Wana denunciou médico por importunação sexual. |
Kemuel Bandeira é ginecologista, com especialização em ultrassonografia, e é diretor médico da Humani, uma clínica de alto padrão na avenida dos Holandeses, na capital maranhense. Ele também atua em outra clínica em Açailândia, onde faz atendimento particular e pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Quatro mulheres, que moram em Açailândia, relataram à TV Mirante como teriam sido importunadas sexualmente pelo ginecologista.
“Logo após ele introduzir o gel, ele começou a massagear minha parte íntima. Ele começou a massagear lá e eu já achei estranho”, disse uma das vítimas. “Ele colocou o aparelho na minha barriga e a mão dele, a outra mão, que geralmente é a mão que fica no computador pra ele anotar as informações, ele colocou no meu quadril e o dedão dele ficou praticamente dentro da… (genital)”, falou outra.
“Ele começou fazer movimentos de vai e vem com o aparelho, ele pegou nas partes, todas as partes ele chegou a tocar, no momento que estava fazendo o exame”, contou mais uma vítima. “Quando eu mudava de posição, eu ficava de costas pra ele, ele apalpava o meu bumbum e apertava. Quando ele tocava lá na minha região íntima, ele também apertava muito”, relatou outra.
De acordo com as pacientes grávidas, elas foram encaminhadas ao médico para fazer ultrassom morfológica. O exame de imagem analisa o desenvolvimento do bebê no ventre da mãe. Nesse tipo de exame, a única parte do corpo da mulher a ser tocada é a barriga, mas as duas supostas vítimas relatam que o médico agiu de forma muito estranha.
“Ele colocou a mão por dentro da minha calcinha e começou a mexer lá, tocar, fazer carinho na minha região íntima”, conta uma das pacientes.
“E apertando o dedo dentro da minha (genital) e eu ‘meu Deus, o que é isso. Isso faz parte do exame? Tá muito estranho isso”’, relata a outra paciente.
As outras duas mulheres, que falaram a com TV Mirante sobre o caso, afirmam que só queriam fazer um ultrassom transvaginal para mapeamento de endometriose, uma condição em que o endométrio (pele que reveste o útero) cresce em regiões de cavidades, como abdômen e ovário, causando dores extremas no período menstrual. “Ele começou a se exceder nos movimentos, eram movimentos bruscos mesmo, muito rápidos. Aí eu comecei a chorar muito de dor, de agonia, de não saber expressar o que eu tava sentindo naquele momento, porque minha cabeça ficou toda embaralhada com tudo o que eu tava passando”, relata uma das pacientes.
“E ao mesmo tempo ele falava pra mim relaxar e mandava eu abrir a perna, porque eu tava fechando a perna, porque eu tava sentindo muita dor. Só que no momento quando ele falava pra mim abrir a perna, ele passava a mão na parte de dentro da minha coxa”, conta outra mulher. Segundo a defesa do médico, Kemuel Bandeira não foi intimado para prestar nenhum esclarecimento sobre essas denúncias.
Advogada trouxe os casos suspeitos à tona
Os casos vieram à tona após a advogada Marina Wana, que é natural de Vargem Grande, denunciar o médico Kemuel Bandeira, também por suposta importunação sexual, contra ela. O caso teria ocorrido durante um exame para mapeamento de endometriose, na clínica em que o médico atua em São Luís, no início do mês de agosto. “Já começou ali do preparo, que ele disse que tinha que colocar um gelzinho dentro da vagina. Depois que ele colocou o gel, ele começou a passar a mão na minha vagina várias vezes. E aí depois eu notei que ele estava sem luva, ele passava o álcool na mão. Mas não tive reação pra questionar ele, porque que ele tava sem luva”, conta a advogada.
Segundo a advogada, o comportamento do ginecologista foi piorando durante o exame, sendo que o médico chegou a passar as mãos no seu clitóris, ânus, além de fazer vários movimentos estranhos. Ainda de acordo com Marina Wana, depois que chegou em casa foi que ela entendeu que estava sendo vítima de importunação sexual e relatou o caso ao marido. Marina conta, ainda, que voltou à clínica com o marido, para falar com a esposa de Kemuel, que também é ginecologista, para saber como funcionava o exame.
Sete dias após o caso, ele decidiu prestar queixa contra o médico na Delegacia Especial da Mulher, em São Luís, mas Kemuel Bandeira ainda não foi chamado para depor. Marina também denunciou o médico ao Conselho Regional de Medicina (CRM), que afirmou em nota que já abriu sindicância para apurar a conduta do ginecologista. O CRM informou que o processo tramita em sigilo. Marina Wanda também relatou o caso nas redes sociais e recebeu mensagens de 12 mulheres, que teriam passado por situação semelhante a dela em São Luís e Açailândia, há casos que teriam acontecido há 10 e 7 anos.
Entre as supostas vítimas, apenas uma tinha registrado boletim de ocorrência contra o ginecologista na cidade de Açailândia, em dezembro do ano passado. O inquérito foi concluído e enviado à Justiça, mas foi arquivado por falta de provas. “Era a minha palavra contra a dele. Uma menina qualquer com a palavra de um doutorado, um médico. E eu sabia que não poderia dar em nada, mas pra minha consciência, eu tive que denunciar”, contou a paciente que teve o caso arquivado.
Confira o relato da advogada Marina Wana no Instagram do Blog do Alpanir Mesquita:
Do Imirante.
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