domingo, 2 de novembro de 2025

Bacabal se despede do Professor Matias Brito

Matias Brito.
Por Blog do Alpanir Mesquita.

Os últimos dois dias têm sido muito difíceis para minha família. Perdemos Matias Brito, meu tio querido que sempre nos recebia com muita alegria em Bacabal. Ele partiu de forma rápida, inesperada, deixando todos nós desolados. 

Neste sábado (01), os moradores de Bacabal se reuniam em um grande cortejo pelas ruas da cidade, com paradas estratégias em lugares que marcaram a vida de Matias. Uma homenagem mais do que merecida ao professor que marcou várias gerações bacabalenses e também das cidades vizinhas. Vai na paz tio, cuida da gente aí de cima!

José Casanova, Membro da Academia Bacabalense de Letras, escreveu um lindo texto em agradecimento a 'Matias, o Mestre da Matemática da Vida':

Desencarnou antes do combinado.

Talvez Deus, curioso como é, tenha querido aprender com ele uma nova forma de resolver os mistérios do infinito. Matias era assim: mestre das ciências exatas que nunca se descuidou das Humanas. Dominava a matemática como poucos, mas foi na matemática da vida que atingiu seu maior teorema.

Em sua mente brilhante, a fórmula de Bhaskara virava um poema sem métrica, e a raiz quadrada ganhava novos significados a cada explicação. Não ensinava apenas números — ensinava encantamento. Com ele, as expressões numéricas eram um teatro em que as quatro operações dançavam sob sua batuta de mestre. Criativo, competente e inovador, Matias fazia da sala de aula um palco e da lousa, uma janela para o pensamento.

Era impossível não admirar aquele homem de olhar calmo e riso discreto. Prestativo, solidário, verdadeiro e visionário, Matias tinha um talento raro: transformar a razão em afeto e a lógica em poesia. Dedicava-se ao que fazia com tamanha paixão que, mesmo tentando, não conseguia esconder sua inteligência. Ela escapava pelos gestos simples — no conselho certeiro a um amigo, no cuidado com um aluno, na paciência de quem acredita que aprender é um ato de amor.

Tinha duas paixões que o definiam: a educação e o Vasco da Gama. Dois amores que disputavam seu coração em partidas memoráveis — e talvez, no fundo, terminassem sempre empatados. Nos intervalos da vida, trocava o giz pela colher e virava cozinheiro de fundo de quintal, com a maestria de um Master Chef da alma. Dava sabor à vida como quem tempera o mundo com afeto.

Matias, obrigado pelas conversas nos bares da vida — por cada gole de sabedoria, por cada riso e cada silêncio que também ensinava. Agora, você faz parte da Academia de Deus, escrevendo do infinito novos poemas matemáticos. Talvez, lá do alto, esteja ensinando aos anjos como somar o amor e dividir o pão.

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