quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

Chefes máximos do CV e PCC selam trégua e autoridades do país mostram preocupação

Marcola e Marcinho VP.
Ensaiada desde 2019, uma conciliação entre as facções criminosas Comando Vermelho (CV) e Primeiro Comando da Capital (PCC) selou uma trégua, agora em âmbito nacional, capitaneada por seus chefes máximos: Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, e Marco Willian Herbas Camacho, o Marcola. Conhecidos como "salves", os avisos internos do PCC de que agora é proibido matar integrantes da facção concorrente ou invadir território alheio começaram a pipocar por todo o Brasil nesta semana. Em especial em estados do Norte e Nordeste, onde o CV é predominante.

"Na verdade, desde a internação do Marcola (em agosto de 2023), essa trégua de fato já existia no Rio e em São Paulo. Agora ela se espalhou por outros estados", diz o promotor Lincoln Gakiya, do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de São Paulo.

A intenção do armistício é combater as regras impostas pelo Sistema Penitenciário Federal, onde estão presos os principais nomes de ambas as facções. Também esteve à mesa o compartilhamento das duas principais rotas de escoamento da droga do Brasil: a Caipira, que leva cocaína produzida na Colômbia, Bolívia e Peru pelo interior de São Paulo e Triângulo Mineiro até a África e Europa, monopolizada pelo PCC; e a do Solimões, no Amazonas, dominada pelo CV.

A notícia da trégua preocupou representantes das forças de segurança. Marcus Vinícius Oliveira de Almeida, secretário de Segurança Pública do Amazonas, teme que a união se volte contra o Estado. "Estamos bastante preocupados. A gente compreende que uma união dessas organizações criminosas, que deveriam, inclusive, já terem sido classificadas como terroristas, certamente terá reflexo negativo contra a população no curto prazo", frisa.

Um integrante do alto escalão do Sistema Penitenciário Federal afirmou, entretanto, que ainda não há trégua totalmente estabelecida. De acordo com essa fonte, a Secretaria Nacional de Políticas Penais está monitorando a situação. Interlocutores da Polícia Federal (PF) também ponderam que informações que confirmem o acordo ainda não foram detectadas.

Secretário de Segurança do Rio, Victor Santos relata que uma possível aproximação entre as duas facções foi tema de uma reunião recente que contou com a participação do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski. No encontro, especulou-se que o PCC poderia enxergar o CV como uma espécie de braço armado, enquanto a própria quadrilha paulista entraria com uma atuação mais sofisticada, compondo uma espécie de joint venture do crime.

Segundo Santos, o setor de Inteligência da pasta ainda não captou a confirmação de que a parceria efetivamente avançou. A possibilidade, no entanto, é vista como provável, nos moldes de acordos costurado no passado pelo PCC junto a milicianos do estado. "Hoje em dia, para eles, é tudo pelo negócio. Esquece tráfico de drogas. Hoje é território. Quando brigam, é por áreas", analisa o secretário de Segurança do Rio.

De O Extra.

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