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segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

19 trabalhadores são resgatados em situação análoga à escravidão no interior do Maranhão

Operação Liberdade e Dignidade.
A Policia Federal no Maranhão, em conjunto com o Ministério Público do Trabalho no Maranhão e Superintendência do Trabalho e Emprego no Maranhão, deflagrou a Operação Liberdade e Dignidade. Ao todo, a ação resultou no resgate de 19 trabalhadores que estavam em condições análogas à escravidão no interior do Maranhão.

A primeira parte da ação ocorreu em uma fazenda na zona rural de Lago da Pedra. No local foram encontrados nove trabalhadores em condições degradantes de trabalho, com alojamentos em condições subumanas, fornecimento de água impropria para consumo, além de diversas irregularidades trabalhistas.

Por sua vez, a segunda parte da ação ocorreu em uma fazenda de plantação de soja em São Francisco do Maranhão. Nesse local também foram encontrados trabalhadores alojados em condições degradantes e/ou expostos a jornada exaustiva de trabalho. No total, 10 trabalhares foram resgatados.

A Operação Liberdade e Dignidade é resultado de ação integrada entre Polícia Federal, Ministério Público do Trabalho e Ministério do Trabalho e Emprego que visa combater a exploração laboral através de uma atuação conjunta e concomitante nas searas: trabalhista, cível e criminal. Durante a operação, além de resgatados, os trabalhadores receberam as verbas trabalhistas e rescisórias devidas. Realizou-se ainda acordos com os empregadores para pagamentos de indenizações por danos morais individuais e coletivos aos trabalhadores como medida de reparação pela situação exploratório a qual foram submetidos.

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terça-feira, 2 de julho de 2024

PF resgata trabalhadores mantidos em condições análogas à escravidão no interior do Maranhão

Operação da PF.
A Polícia Federal, juntamente com equipes do Ministério Público do Trabalho e do Ministério do Trabalho e Emprego, no período de 17 a 26 de junho, realizou fiscalizações em diversas fazendas nas cidades de São Raimundo das Mangabeiras, São Domingos do Azeitão, Pastos Bons e São João Dos Patos, todas no estado do Maranhão, após denúncia da existência de trabalhadores em condições análogas à de escravo.

A operação conjunta entre as instituições identificou a presença de 12 trabalhadores em condições degradantes em fazenda localizada na cidade de São Raimundo das Mangabeiras.

Nas demais fazendas, apesar de não terem sido encontrados trabalhadores em condições degradantes/precárias, a fiscalização constatou o descumprimento da legislação trabalhista, em especial, normas de segurança e saúde no ambiente de trabalho, sendo os estabelecimentos notificados e alguns autuados por descumprimento das normas trabalhistas.

quarta-feira, 11 de outubro de 2023

PF resgata trabalhadores maranhenses em situação análoga à escravidão no Rio Grande do Sul

Operação da PF.
A Polícia Federal deflagrou, nesta terça-feira (10), a Operação Falsas Promessas II, que apura o uso de fraude no agenciamento de trabalhadores maranhenses. Ao todo, 16 policias federais cumpriram três mandados de busca e apreensão nas cidades de Porto Alegre/RS e Bauru/SP.

No caso sob investigação, após serem iludidos por falsas promessas de alto salário e ótimas condições de trabalho, os trabalhadores foram submetidos a condições análogas à escravidão em frentes de trabalho no estado do Rio Grande do Sul. Além disso, sob o título de taxa de recrutamento e despesas de transporte, a responsável pelo agenciamento exigia o pagamento de valores pelos trabalhadores.

Ao todo, foram resgatados 16 (dezesseis) trabalhadores maranhenses em obras de construção civil nas cidades de Porto Alegre/RS e São Leopoldo/RS. A segunda fase da operação visa elucidar a participação de funcionários da construtora responsável pela contratação, bem como identificar outros envolvidos na prática delituosa.

terça-feira, 12 de setembro de 2023

PF resgata trabalhadores mantidos em condições desumanas no interior do Maranhão

Operação Cry of Freedom.
Nesta terça-feira (12), a Polícia Federal, em parceria com a Procuradoria do Trabalho em Imperatriz, deflagrou a Operação Cry of Freedom com a missão de libertar trabalhadores submetidos a condições semelhantes à escravidão, no Município de Amarante. No local, foram resgatados três trabalhadores que estavam vivendo em condições desumanas.

A operação foi desencadeada a partir de um procedimento instaurado pela Polícia Federal após receber informações sobre a existência de trabalhadores submetidos a condições degradantes de trabalho na zona rural do município de Amarante.

Durante as diligências realizadas, ficou constatado o grau de degradação ao qual esses trabalhadores estavam submetidos. Entre as condições adversas encontradas, destacam-se o cerceamento de seus direitos trabalhistas, a precariedade das condições da moradia, incluindo a presença de ratos no interior do imóvel.

Além disso, foi identificada a escassez de alimentos para a subsistência das vítimas, a ausência de instalações adequadas para a higiene pessoal e a necessidade de realizar suas necessidades fisiológicas ao ar livre, nas proximidades da propriedade. Adicionalmente, observou-se a falta de equipamentos de proteção individual para os trabalhadores, mesmo diante da manipulação de materiais prejudiciais à saúde humana.

Como resultado, o proprietário do imóvel rural pode ser responsabilizado pelo crime de submeter trabalhadores a condições análogas à escravidão. As penalidades associadas a esse delito podem incluir sentenças de até oito anos de prisão, e a gravidade da situação é agravada pela presença de múltiplas vítimas resgatadas.

quarta-feira, 10 de maio de 2023

Trabalhadores que eram mantidos como escravos em fazenda de soja no interior do Maranhão são resgatados

Operação de resgate.
A Polícia Federal e a Superintendência Regional do Trabalho no Maranhão, em ação conjunta, resgataram oito trabalhadores em condições análogas a de escravo, em uma fazenda de soja, localizada no município de Aldeias Altas. 

O caso havia sido noticiado diretamente à Procuradoria do Trabalho, que encaminhou à Polícia Federal e ao SRTb. Nesta terça-feira (09), os auditores do trabalho e equipes da Polícia Federal foram até o local e constataram as procedências das informações. 

No âmbito trabalhista, os encarregados pela fazenda, acompanhados de advogado, foram ouvidos pelos auditores fiscais do trabalho, na sede da Delegacia da Polícia Federal em Caxias. Os auditores efetuarão os cálculos para fins de pagamento dos créditos trabalhistas e solicitarão a comprovação do atendimento de outras medidas indicadas.

No âmbito criminal, foi instaurado inquérito policial para apuração dos fatos. Se confirmada a hipótese criminal, os investigados poderão responder por crimes de reduzir alguém a condição análoga à escravidão, em razão das condições degradantes registradas durante a fiscalização.

quinta-feira, 6 de abril de 2023

Maranhenses mantidos em situação análoga à escravidão são resgatados em fazenda de Goiás

Operação de resgate.
Uma ação da Inspeção do Trabalho do MTE, iniciada no dia 29 de março, resgatou oito trabalhadores submetidos a condições análogas à escravidão em uma fazenda no Novo Gama, em Goiás. Todos trabalhavam na derrubada e corte de eucaliptos que seriam usados para produção de carvão vegetal. Os empregados foram aliciados no interior do Estado do Maranhão pelo próprio responsável pela atividade, que os contratava sem formalização do vínculo empregatício.

Na fazenda inspecionada os empregados foram encontrados derrubando eucaliptos sob torres de transmissão de eletricidade em alta tensão, sem banheiro, sem fornecimento de vestimenta de trabalho e sem treinamento para usar os motosserras. Operavam com apenas uma garrafa pequena de água cada um, sem filtragem, para beber durante todo o dia de trabalho. Não havia também condições para atendimento de primeiros socorros, em caso de acidentes.

Os trabalhadores eram alojados em casas precárias, próxima a um chiqueiro, onde a criação de suínos inundava constantemente o alojamento com intenso mau cheiro. No local não havia água quente para banho e a maioria deles dormia no chão. O banheiro, sem nenhuma higiene, não possuía descarga em funcionamento.

A alimentação, preparada nas primeiras horas da manhã em forno à lenha, era reduzida a porções de ossos com pouca carne e arroz. O trabalho iniciava às seis da manhã e terminava às cinco da tarde, recebendo apenas a diária em que houvesse produção.

De acordo com os trabalhadores, o empregador sempre deixava de pagar boa parte do valor combinado. Como tinham que pagar pelos alimentos fornecidos no alojamento, era comum não sobrar dinheiro para voltar às suas residências no Maranhão, pois o empregador sempre dizia que não possuía dinheiro para pagar todo o pagamento combinado.

O proprietário da fazenda e o empregador foram notificados a retirar os trabalhadores de imediato para um alojamento decente e proceder com a formalização dos vínculos de emprego, com pagamento de todas as verbas trabalhistas devidas, calculadas pela Auditoria do Trabalho.

sexta-feira, 24 de março de 2023

Coroataenses mantidos como escravos em São Paulo retornam ao Maranhão

Reportagem TV Cidade.
Trabalhadores rurais de Coroatá, interior do Maranhão, foram resgatados na cidade de Guariba, em São Paulo. Eles receberam uma proposta de um emprego para trabalhar na região, mas foram enganados pelo contratante.

De acordo com o Ministério Publico do Trabalho (MPT), a casa onde os contratados foram alojados tinha problemas na estrutura e as condições de higiene e conforto eram precárias. O MPT e a Polícia Rodoviária Federal ao realizarem essa vistoria no local, confirmaram que a situação correspondia ao crime de trabalho análogo à escravidão.

Após o MPT garantir o pagamento das passagens, os maranhenses retornam ao seu Estado de origem. Além do retorno, cada um deles deve receber uma quantia de doze mil reais, incluindo os direitos trabalhistas e indenizações.

Confira na reportagem de Lorena Cavalcante:


Do Portal TV Cidade.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

Trabalhadores mantidos em condições análogas à escravidão são resgatados no interior do Maranhão

Operação Gênese.
Atuação em conjunto do Ministério Público do Trabalho no Maranhão (MPT-MA), Superintendência Regional do Trabalho (SRT), Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Polícia Federal (PF) resultou no resgate de 17 trabalhadores em condições análogas à escravidão de uma carvoaria em São João do Paraíso. A “Operação Gênese” começou na segunda-feira (06) e foi concluída nesta quarta (15), com o pagamento de R$ 47,7 mil em verbas rescisórias aos resgatados.

O nome da operação foi escolhido porque o termo grego “gênese” denota o princípio, a origem ou o começo de algo. Logo, a Operação Gênese marca o início dos esforços interinstitucionais, no ano de 2023, para erradicar o trabalho escravo no Maranhão, priorizando, em especial, a cadeia produtiva do carvão vegetal.

A fiscalização partiu de Imperatriz e percorreu 141km até São João do Paraíso, seguindo por mais algumas dezenas de quilômetros em estradas de terra, passando por diversos povoados, até chegar à Fazenda Lajeado, onde funciona uma carvoaria com 36 fornos para produção de carvão vegetal, situada a 17km de distância do assentamento São João.

O resgate

O resgate ocorreu por etapas. Primeiro, foram resgatados oito trabalhadores encontrados na carvoaria. Em seguida, o Grupo Móvel do Maranhão visitou outros três alojamentos instalados no assentamento São João e fez o resgate de mais nove pessoas, totalizando 17 trabalhadores, incluindo uma mulher. Antes de localizar a Fazenda Lajeado, o comboio havia inspecionado outras duas carvoarias instaladas nas fazendas Rodeador e Lajeado, mas que não estavam em atividade no momento da fiscalização.

Irregularidades encontradas

Na carvoaria da Fazenda Lajeado foi constatado que os trabalhadores bebiam água sem qualquer processo de filtragem. Havia três meses que o alojamento estava sem energia elétrica, deixando os empregados isolados do mundo externo e expostos ao ataque de animais peçonhentos, como cobras. Os oito resgatados dividiam o mesmo quarto, dormindo em redes. Sem fogão, os trabalhadores improvisavam um fogareiro com lata de alumínio para aquecer e preparar alimentos.

Nos alojamentos situados no assentamento São João, o grupo de fiscalização verificou quartos em estado precário de conforto e higiene, inclusive com uma cama sem qualquer condição de uso, instalações elétricas irregulares, não fornecimento de água potável e banheiro feito de tábuas no quintal de uma das casas. Os resgatados relataram que preferiam tomar banho em um riacho que passava ao lado de um dos alojamentos. A água disponível era barrenta.

Jornada exaustiva

Os 17 resgatados exerciam diversas funções, como forneiro, batedor de tora, empilhador, operador de motosserra, operador de pneu, zelador, entre outras. No entanto, foi observada jornada exaustiva em duas categorias: carbonizador e cozinheira.

Cozinheira trabalha desde a infância

A cozinheira de 55 anos de idade tinha que encarar jornadas extenuantes de quase 12 horas por dia. Em depoimento, a maranhense de Codó afirmou que começou a trabalhar aos nove anos de idade, como cozinheira em uma fazenda em Barra do Corda, acompanhando o pai dela, que era empregado do local.

Carbonizador analfabeto

Dois carbonizadores foram resgatados durante a Operação Gênese. Um deles é de Minas Gerais, tem 46 anos e é analfabeto. Ele precisou utilizar o polegar para atestar o depoimento prestado aos auditores fiscais. Ele começou a trabalhar aos 15 anos de idade, vive no Maranhão há dez anos e perdeu o vínculo com a família.

Uso de drones e outros equipamentos

O MPT-MA utilizou um drone durante a operação de resgate, para fazer imagens aéreas e localizar os alvos com mais facilidade. Também foram utilizados um termômetro, para aferir temperatura dos fornos, e um sensor para medir a presença de partículas PM2.5 no ar. O sensor registrou em volta da bateria de fornos da carvoaria 999.9 microgramas de partícula por metro cúbico, índice 66 vezes acima do limite recomendado pela OMS (Organização Mundial de Saúde), atestando a condição insalubre de trabalho por causa da poluição do ar.

Pós-resgate

De acordo com o procurador-chefe do MPT-MA, Luciano Aragão, presente na operação de resgate, os 17 trabalhadores receberam todas as verbas rescisórias a que têm direito, acrescidas de férias e 13º salário proporcionais, além de três parcelas de seguro-desemprego, em razão de terem sido vítimas de trabalho escravo. “O MPT-MA vai atuar para que o empregador regularize o local de trabalho, por meio de assinatura de termo de ajuste de conduta (TAC). Em caso de recusa, podemos ajuizar ação civil pública com pedido de danos morais a estes trabalhadores submetidos a condições análogas à escravidão”, ressalta Luciano.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

Maioria dos trabalhadores resgatados em situação análoga à escravidão no país são maranhenses

Resgate de trabalhadores.
Segundo o Observatório da Erradicação do Trabalho Escravo, o Maranhão é o maior exportador de mão de obra escrava do país. Entre 2003 e 2021, 8.636 maranhenses foram resgatados em situação de trabalho análogo à escravidão, mais que o dobro do segundo lugar da lista, que é o estado de Minas Gerais, com 4.126 trabalhadores resgatados.

Dentro do Maranhão, os casos também se multiplicam e chocam pela gravidade. No início de 2022, em Cidelândia, a 618 km de São Luís, o trabalhador Luís Alves sofreu uma tentativa de homicídio quando tentou cobrar o salário do patrão. O Ministério Público do Trabalho do Maranhão (MPT-MA) entrou na investigação e descobriu que a fazenda onde ele trabalhava mantinha os funcionários em condições desumanas, dormindo no chão, bebendo água suja e comendo junto com animais.

Em abril de 2022, uma operação da Polícia Federal (PF) cumpriu mandados de busca e apreensão em carvoarias de Grajaú, a 566 km da capital maranhense, e encontrou os trabalhadores submetidos à jornada de trabalho exaustiva, 40 dias seguidos trabalhando e cinco dias para descanso, segundo a PF, dormindo e comendo em condições insalubres.

A situação se repetiu em carvoarias de Grajaú e Sítio Novo, em agosto, onde trabalhadores resgatados recebiam o equivalente a R$ 3 por metro cúbico de carvão produzido e tinham carga horária de 22 horas por dia. Eles também não usavam equipamentos de proteção individual, nem mesmo máscaras eram disponibilizadas para a exaustiva jornada de trabalho.

Em 2022, o MPT-MA recebeu 80 denúncias de trabalho escravo no Maranhão, foi o maior número registrado nos últimos 20 anos. As investigações comandadas pelo órgão resultaram em 14 forças tarefas que resgataram mais 80 pessoas exercendo trabalho análogo à escravidão em 19 municípios do estado.

Do G1 MA.

segunda-feira, 21 de novembro de 2022

Trabalhadores mantidos em condições análogas à escravidão são resgatados no Maranhão; eles banhavam em rio com presença de cobras

Operação de resgate.
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) atuou neste mês de novembro no resgate de 11 trabalhadores que estavam sendo submetidos a uma condição análoga à escravidão na região de Imperatriz, sul do Maranhão.

A operação de combate ao trabalho escravo foi realizada entre os dias 8 e 12 de novembro, em conjunto ao Ministério Público Federal, Ministério Público do Trabalho, Ministério do Trabalho e Previdência, Defensoria Pública da União e Polícia Federal em carvoarias de Imperatriz e região.

Foi possível constatar durante a fiscalização atividades de produção de carvão em condições de trabalho precárias como, por exemplo, condições de transporte totalmente incompatíveis com a segurança veicular, recebimento de salário abaixo do mínimo, ausência de banheiro ou qualquer meio de promoção à higiene. O banho das vítimas eram realizados em rio próximo ao alojamento com a presença de cobras. A alimentação também era precária, sendo fornecido apenas um caldeirão de arroz. Além disso, os trabalhadores eram submetidos a jornadas diárias exaustivas e sem repouso semanal.

Os trabalhadores identificados nessas condições foram resgatados e levados em seus endereços de origem, na cidade de Grajaú. Já os responsáveis pelos estabelecimentos não foram encontrados no local. Em 2022, a PRF já atuou no resgate de 19 trabalhadores submetidos a condição análoga à escravidão no Maranhão.

Fonte: PRF.

sexta-feira, 11 de novembro de 2022

PF prende empresário que mantinha trabalhadores em condições análogas à escravidão em Grajaú

Imagem ilustrativa.
A Polícia Federal cumpriu um mandado de prisão preventiva na manhã desta quinta-feira, 10, na cidade de Grajaú. Trata-se da segunda fase da “Operação Sem Descanso”, que teve a primeira fase deflagrada em abril deste ano, visando reprimir o crime de redução de trabalhadores à condição análoga à de escravo em carvoarias do Maranhão.

A investigação iniciou-se a partir do resgate de 11 pessoas no município de Mirador, em julho de 2021, pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego no Maranhão. Conforme apurado, as vítimas trabalhavam em uma das várias carvoarias dos suspeitos e estavam sendo submetidas a jornada de trabalho exaustiva, especialmente os carbonizadores e as cozinheiras.

Primeiramente, os trabalhadores tinham descanso a cada 40 dias, oportunidade em que receberiam o pagamento “mensal”, obtendo cinco dias de folga, incluído o dia de ida e volta para casa. Ou seja, durante 40 dias eles trabalhavam de domingo a domingo, sem o intervalo mínimo interjornadas.

Um segundo exemplo de irregularidade encontrada refere-se à jornada de trabalho diária extremamente exaustiva. Em relação às cozinheiras, cada UPC (unidade produtora de carvão) possuía apenas uma, a qual era responsável não só pelo preparo de todas as refeições para cerca de 25 pessoas daquela unidade, como também pela higienização e limpeza de toda edificação de apoio e alojamento. Dessa forma, a jornada de trabalho ia das 4h horas até as 13h, retornando ao trabalho das 15h até às 19h. Já os carbonizadores, que exercem trabalho reconhecidamente insalubre, tinham jornada de vinte e quatro horas de maneira intercalada, inclusive durante a madrugada.

Diante desses fatos, após representação da Polícia Federal no Maranhão, foram expedidos mandados de busca e apreensão contra os investigados, com a finalidade de apreender computadores, mídias e quaisquer outros materiais relacionados aos fatos apurados, com o objetivo de identificar outras vítimas exploradas nas carvoarias dos suspeitos, demais envolvidos no esquema criminoso e o montante ilicitamente recebido pelos investigados com a prática criminosa.

A partir da análise do material apreendido, identificou-se outras carvoarias dos suspeitos. Considerando a possibilidade de que eles replicassem as condições de trabalho em todas as carvoarias, realizou-se, juntamente com o Ministério Público do Trabalho e Ministério do Trabalho, novas fiscalizações nos outros estabelecimentos descobertos entre os meses de julho e outubro deste ano. Em todas as quatro carvoarias recém-descobertas, flagrou-se submissão de trabalhadores a condições análogas à escravidão, tendo sido resgatadas outras oito vítimas.

Restou demonstrado que os investigados continuavam a praticar o delito, explorando outras vítimas, não obstante as cinco fiscalizações realizadas, além do cumprimento dos mandados de busca e apreensão. Por essa razão, representou-se pela prisão preventiva do principal empresário responsável pelas pessoas jurídicas do grupo. Os suspeitos poderão responder por cinco crimes de submissão de trabalhadores à condição análoga à escravidão. As penas podem chegar a 40 anos de reclusão.

sexta-feira, 2 de setembro de 2022

Operação resgata 74 maranhenses mantidos como escravos em Minas Gerais

Operação de resgate.
Auditores-fiscais do Trabalho do Grupo Especial de Fiscalização Móvel (GEFM) resgataram, ao todo, 99 trabalhadores em condições análogas à escravidão na região de Araxá (MG). Eles concluíram uma série de fiscalizações nas atividades de retirada da palha de milho, corte de alho e colheita de batata. Participaram, também, o Ministério Público do Trabalho, Ministério Público Federal, Defensoria Pública da União, Polícia Rodoviária Federal e Polícia Federal.

Entre os resgates, foram encontrados em Santa Juliana (MG), 74 trabalhadores provenientes do Maranhão, trabalhando na atividade de corte de alho e colheita de batata. Estavam alojados, no centro da cidade, em espaços improvisados, como uma antiga funerária, onde foram colocadas divisórias para servir de quarto para 45 trabalhadores, que ficavam amontoados no espaço.

A equipe que realizou a ação fiscal observou que as instalações sanitárias estavam dividindo espaço com o local de preparação das refeições. Não havia lavanderia, espaço de lazer, tampouco local para refeições. Em outro alojamento, os fogões estavam com infestação de ratos e as instalações elétricas eram improvisadas, com risco de choque elétrico. Não havia chuveiro com água quente para os trabalhadores.

A Inspeção do Trabalho concluiu que todos os trabalhadores estavam em condições degradantes. Por isso, as vítimas foram afastadas imediatamente das atividades que realizavam. Os empregadores foram notificados pela Auditoria-Fiscal do Trabalho e promoveram o pagamento das verbas rescisórias.

De O Imparcial.

quarta-feira, 6 de julho de 2022

Operação resgata 26 trabalhadores maranhenses mantidos como escravos em fazendas

Operação resgatou trabalhadores.

Ação fiscal realizada na última semana de junho em duas fazendas de cultivo de grãos na zona rural de Mirador resultou no resgate de 26 trabalhadores em situação semelhante à de escravo. Entre as vítimas, três adolescentes, sendo um de 15 anos e dois com 17 anos de idade. A operação contou a participação do Ministério Público do Trabalho no Maranhão (MPT-MA), Polícia Federal e Superintendência Regional do Trabalho (SRTb).

Primeira fazenda

Dos 26 resgatados, três atuavam em uma fazenda e 23 estavam em outra propriedade. De acordo com o procurador do Trabalho do MPT-MA Maurel Mamede Selares, presente na fiscalização, na primeira fazenda visitada os trabalhadores estavam alojados em barracões de palha, sem paredes, com vários furos no teto do barraco, totalmente expostos a intempéries. Os banheiros estavam sem qualquer higiene, havia ausência de fornecimento de água potável, os trabalhadores não tinham carteira assinada, entre outras irregularidades.

“Após o regate dos três trabalhadores, houve assinatura de termo de ajuste de conduta e pagamento de dano moral coletivo de R$ 30 mil, relacionado ao resgate de um trabalhador, estando pendente nova reunião para a discussão do TAC referente aos outros dois trabalhadores resgatados, pois são dois CNPJs diferentes no estabelecimento”, explica Selares.

Segunda fazenda

Na segunda fazenda foram identificados 23 trabalhadores que estavam submetidos à condições análogas à escravidão, sendo três adolescentes: um com 15 anos e outros dois com 17 anos. Ao chegar no local, a fiscalização encontrou o barracão destruído.

“No local foram observados pequenos pedaços de lonas, visto que o barraco fora completamente destruído e foi realizada uma limpeza do terreno, como forma certamente de apagar os vestígios da ilegalidade outrora praticada”, avalia o procurador Maurel Selares.

Semanas antes, a Polícia Civil de Mirador realizou diligência na propriedade rural e flagrou os trabalhadores em condições degradantes. O delegado José Jailson da Silva informou que havia recebido denúncia sobre a existência de trabalhadores alojados em barraco de lona. Ele e o escrivão estiveram no local para apurar o caso e encontraram vários trabalhadores no local.

Alimentação precária

As condições em que foram encontrados eram precárias. Os trabalhadores dormiam em redes amontoadas no barracão de lona. Nem todo dia havia café da manhã, sendo que, no almoço, comiam apenas arroz e feijão – com oferta eventual de ovo e esporadicamente carne de péssima qualidade. A água para consumo não era potável. Não havia banheiro e as necessidades fisiológicas eram feitas no mato.

Todos os dias, tinham que percorrer a pé de dois a cinco quilômetros do alojamento até a frente de trabalho. Muitos afirmaram em depoimento que perderam peso e se sentiam fracos para percorrer várias vezes ao dia essa distância. Havia ainda a ameaça caso desejassem abandonar os postos de trabalho, pois só receberiam o pagamento de ficassem por pelo menos 15 dias naquelas condições degradantes.

O delegado de Polícia José Jailson da Silva forneceu imagens e áudios gravados durante a diligência para o MPT-MA. De posse de todas estas informações, a equipe de fiscalização entrou em contato com diversos trabalhadores, que estavam identificados nos vídeos gravados pela autoridade policial, e procedeu a oitiva de todos na Promotoria de Justiça do município de Colinas.

Adolescente relata o que sofreu

Uma das vítimas mais jovens, um adolescente de 17 anos, falou sobre as dificuldades na fazenda. “A gente comia feijão com ovo, não via carne e a água que tinha para beber era quente e de qualidade ruim. Só conseguimos as botinas depois de muita briga, outros iam descalços. Saíamos do barraco às 6h e chegávamos por volta de 8h da noite. Ficamos oito dias no barraco de lona, perdi três quilos durante esse período e fazia minha necessidade no mato. Nunca tinha passado por uma situação dessas”, lamenta o jovem.

Dono da fazenda não fez acordo

O proprietário da segunda fazenda não efetuou o pagamento das verbas rescisórias dos trabalhadores e não concordou em assinar termo de ajuste de conduta com o MPT-MA. Segundo o procurador do Trabalho Maurel Mamede Selares, o MPT deverá acionar a Justiça do Trabalho para o pagamento das verbas rescisórias e do dano moral coletivo.

Os trabalhadores resgatados foram cadastrados para recebimento do seguro-desemprego pelo Ministério do Trabalho e Previdência. A legislação brasileira permite o pagamento de três meses de seguro às vítimas resgatadas em situação análoga a de escravo.

quarta-feira, 6 de abril de 2022

Maranhenses de Caxias são resgatados de condições análogas à escravidão em Santa Catarina

Alojamento sem higiene.
Uma força tarefa de combate ao trabalho escravo resgatou quarenta e nove trabalhadores submetidos a condições análogas à escravidão em propriedades de cultivo de maçã, em São Joaquim, na Serra Catarinense. A ação integrada pelo Ministério Público do Trabalho, auditores-fiscais do Trabalho da subsecretária de Inspeção do Trabalho (SIT), vinculada ao Ministério do Trabalho e Previdência, com a Defensoria Pública da União – DPU, Polícia Rodoviária Federal e Polícia Federal teve início no dia 29 de março de 2022.

Os aliciados vieram da cidade de Caxias, por um intermediador de mão-de-obra, “gato”, que prometeu às vítimas ganhos vantajosos para trabalharem na colheita de maça. Cerca de 50 embarcaram no Maranhão em um ônibus fretado pelo aliciador e pagaram R$ 650,00 (seiscentos e cinquenta reais) pela passagem. Os que não tinham o dinheiro para a despesa do transporte até São Joaquim, aceitaram a proposta do aliciador de descontar dos dias trabalhados.

Depois de três dias de viagem, no dia 10 de fevereiro de 2022 eles chegaram ao destino, sendo distribuídos em dois alojamentos. Em ambos foram identificadas péssimas condições de higiene e conservação, e superlotação. Num deles, com apenas três quartos pequenos, vinte e dois trabalhadores se amontoavam em cinco ou seis pessoas por cômodo. A casa tinha apenas um banheiro para tomar banho e um vaso sanitário, utilizado por homens e mulheres. No imóvel que contava com um porão, sem nenhuma janela ou ventilação, havia vazamento de água, umidade e mofo pelas paredes e um único banheiro para uso de outros vinte e oito trabalhadores. Os abrigos não dispunham de água potável, cama e armários. Também não eram fornecidos papel higiênico, roupa de cama e colchões aos empregados.

Para ter onde dormir tiveram que pagar R$ 200,00 (duzentos reais) por colchão fornecido, além do valor de R$ 120,00 (cento e vinte reais), cada um, pelo aluguel das casas. Cada um tinha ainda uma despesa de R$ 140,00 (cento e quarenta reais) para o pagamento da alimentação, fora o valor da carne, de R$ 60,00 (sessenta reais), também cobrado pelo aliciador. Em nenhum dos alojamentos havia local adequado para depositar os alimentos que ficavam pelo chão com outros materiais e produtos. Nos cômodos a equipe fiscal encontrou muitas garrafas de aguardente e trabalhadores em estado de embriaguez.

Os resgatados foram vítimas de tráfico de pessoas e tinham limitadas suas possibilidades de deixar o serviço em razão de dívidas contraídas com o aliciador que administrava a execução do serviço nas propriedades dos empregadores. Dois dos três produtores de maçã fiscalizados pagavam a produção dos empregados diretamente para o “gato” que não repassava a totalidade dos valores para os aliciados e na maior parte dos casos, não repassava um centavo, tamanha era o valor dos descontos que fazia.

Ouvido pela equipe fiscal na sede da Polícia Federal em Lages, SC, o aliciador revelou receber uma comissão por cada “bin” medido na produção total da maçã na propriedade. O bin é uma caixa cheia de maçã, forma esta firmada para a remuneração dos empregados. Os bins eram cheios por uma turma de trabalhadores composta de cinco a sete trabalhadores, que dividiam os ganhos do dia pelos componentes da turma, tudo controlado pelo “Gato”.

Como não havia utensílios suficientes, os empregados tiveram que comprar panelas para poder cozinhar. Nos alojamentos, os trabalhadores faziam suas refeições sentados no chão ou sobre suas camas. Já nas frentes de trabalho, os empregadores disponibilizavam almoço, em refeitório que contava com banheiro. Nas plantações, onde eles trabalhavam na colheita, as necessidades eram feitas no mato e sob os pés de maçãs.  A água fornecida não passava por qualquer tipo de tratamento ou filtragem e era consumida em condições não higiênicas, com compartilhamento de copos. A jornada de trabalho era de segunda a sábado com intervalo para o almoço e de aproximadas oito horas por dia.

Pós-Resgate

Após notificados pela caracterização do trabalho análogo ao de escravo, ante a existência de trabalho degradante, os empregadores quitaram as verbas rescisórias de todos os trabalhadores resgatados, calculadas pela Auditoria-Fiscal do Trabalho. O valor líquido pago pelos empregadores aos resgatados foi o total de R$174,333,37 (cento e setenta e quatro mil, trezentos e trinta e três reais e trinta e sete centavos). O Ministério Público do Trabalho, representado na operação pelo Procurador do Trabalho Acir Alfredo Hack, determinou o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) de dano moral coletivo para cada empregador e a Defensoria Pública da União determinou o valor de R$ 1 mil para cada trabalhador a título de dano moral individual.

Os empregadores pagaram ainda R$ 900,00 para cada um dos resgatados, a título de despesas, para o retorno a Caxias. Os Auditores-Fiscais do Trabalho emitiram as guias de Seguro-Desemprego do Trabalhador Resgatado, pelas quais cada um dos resgatados faz jus ao recebimento de três parcelas de um salário-mínimo cada.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

PF deflagra operação para investigar responsáveis por manter trabalhadores em condições análogas à escravidão em Vargem Grande

Parte dos trabalhadores resgatados em Vargem Grande.
A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (17) a Operação Prunifera, visando combater o tráfico de pessoas e a redução à condição análoga a de escravo, com o cumprimento, no município de Uruoca/CE, de três mandados de busca e apreensão, expedidos pela Justiça Federal do Maranhão.

Trata-se da investigação de trabalho escravo em que 31 vítimas, sendo duas menores de idade, oriundas do Estado do Ceará foram aliciadas, mediante fraude, com a promessa de trabalho, alojamento e alimentação pagos pelo empregador e levadas ao Estado do Maranhão. Ao concordarem com a proposta, receberam certa quantia de dinheiro para deixar com suas famílias e entregaram suas carteiras de trabalho (apenas aquelas que possuíam), as quais seriam devolvidas quando retornassem ao Ceará.

Ao chegarem ao destino, descobriram que foram enganadas, pois o alojamento parecia um local abandonado, extremamente sujo, sem energia elétrica, nem água encanada ou banheiro que funcionasse, de modo que as vítimas tomavam banho em um criatório de peixe, com água barrenta e malcheirosa. Além disso, dormiam em redes na varanda ao relento, enquanto um dos suspeitos repousava dentro da casa, sozinho.

Quanto às condições de trabalho, caminhavam cerca de 3 km até o local de extração da folha de carnaúba, sem banheiro, água proveniente de um buraco (sem qualquer filtragem), redução da quantidade fornecida de alimentos quando a meta não era batida e jornada de trabalho de mais de 12 horas.

Ressalte-se que parte das vítimas, 14 trabalhadores, foram resgatadas no ano passado pela polícia civil no povoado Mucambo, localizado na zona rural de Vargem Grande, oportunidade em que um suspeito de iniciais P.G.S., de 41 anos, foi preso em flagrante (saiba mais). Na época, a equipe da secretaria municipal de Assistência Social providenciou hospedagem, alimentação, atendimento médico e o retorno deles ao Ceará (relembre).

Os investigados poderão responder por crimes de reduzir alguém a condição análoga à escravidão (art. 149; do CPB) e de tráfico de pessoas (art. 149-A, II; do CPB), dentre outros, podendo a pena ultrapassar 16 anos.

Veja o relato:

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

Operação da PF desmonta esquema que mantinha maranhenses em condições de escravos no Rio Grande do Sul

Imagem ilustrativa.
A Polícia Federal deflagrou nesta manhã (09) a operação Falsas Promessas, visando combater o tráfico de pessoas e a redução a condição análoga à de escravo, no Maranhão e no Rio Grande do Sul. Foram cumpridos dois mandados de busca e apreensão, um no município de São Luís e outro em Sapucaia do Sul/RS, além de outro mandado de busca pessoal. Todas as medidas foram expedidas pela Justiça Federal.

Trata-se de investigação de tráfico de pessoas, em que 21 trabalhadores oriundos do Estado do Maranhão foram aliciados, mediante fraude, com a promessa de trabalho, alojamento e alimentação pagos pela empresa contratante. O trabalho seria no Estado do Rio Grande do Sul. De acordo com o que foi apurado, para enganar as vítimas, os investigados simularam a assinatura de contrato com elas ainda em solo maranhense.

Ao chegarem ao destino, as vítimas descobriram que foram enganadas, pois o contrato assinado no estado de origem não tinha qualquer validade perante a construtora. Em sequência, eles foram constrangidos a assinarem novo contrato com valor inferior de salário básico e sem o auxílio alimentação que havia sido pactuado. Além disso, acreditavam ter sido contratados como carpinteiros, todavia, no Rio Grande do Sul, descobriram que iriam trabalhar como montadores, carregando formas metálicas, que pesavam cerca de 65 quilos. Por fim, as vítimas foram ludibriadas quanto ao recebimento de valor adicional por produção, afinal o mínimo a ser atingido era inalcançável.

Ressalte-se que, quando as vítimas perceberam todo o esquema enganoso, pediram para serem demitidas, solicitando o pagamento ao menos da passagem de volta para o Maranhão, afinal não tinham dinheiro suficiente. Eles obtiveram como resposta que, se quisessem sair, deveriam pedir demissão e não teriam direito a nada. Os investigados poderão responder por crimes de reduzir alguém a condição análoga à escravidão e de tráfico de pessoas, dentre outros, podendo a pena ultrapassar 16 anos.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

PF resgata maranhenses mantidos em condições análogas à escravidão

Operação da PF.
Nos dias 24 e 25 de janeiro do corrente ano, a Polícia Federal, em ação conjunta com a Superintendência Regional do Trabalho em Sergipe e o Ministério Público do Trabalho, deflagrou operação policial para combater o crime de redução a condição análoga à de escravo, previsto no artigo 149 do Código Penal, investigado através de inquérito policial, tendo em vista notícia inicial atinente a trabalhadores recrutados do Estado do Rio Grande do Norte, para trabalhar no corte de cana-de-açúcar no interior do estado sergipano.

Os levantamentos iniciais apontavam que os trabalhadores teriam sido submetidos à jornada exaustiva e estavam sujeitos a condições degradantes de trabalho, além de terem suas locomoções limitadas em face de dívidas contraídas com a empresa empregadora.

Nas diligências realizadas, foram confirmados os indícios iniciais e encontrados 11 trabalhadores, oriundos dos estados do Maranhão e do Piauí, submetidos às mesmas condições investigadas no inquérito inicialmente instaurado. Os trabalhadores foram resgatados e a eles restabelecidos os direitos trabalhistas, incluindo pagamento de verbas salariais, liberação do seguro-desemprego e custeio do retorno aos locais de origem.

Foi constatado que os trabalhadores eram submetidos a jornadas exaustivas de trabalho, por mais de 12 horas diárias, eram alojados em condições degradantes (alojamentos com camas insuficientes), ventilação deficitária, sem água filtrada, ausência de utensílios de cozinha e alimentação adequada, em precárias condições de higiene.

Já na frente de trabalho, não eram disponibilizados equipamentos de proteção individual em quantidade suficiente para todos, muitos deles, inclusive, danificados, não havia banheiro e eles cominam em espaço com inadequações térmica e ergonômica. Além disso, sofriam descontos salariais indevidos, que os impediam de retornar às suas casas, já que lhes sobrava menos que o valor para aquisição das passagens de retorno.

O responsável pela empresa não foi preso em flagrante, por não se encontrar em Sergipe quando das diligências. Os elementos de prova colhidos subsidiarão o inquérito policial já existente, assim como um novo, em razão da prática, em tese, dos crimes de redução a condição análoga à de escravo e tráfico de pessoas, com previsão de penas restritivas de liberdade cumuladas de até 16 anos.

Convém mencionar que combate ao trabalho escravo exercido pela Polícia Federal, em âmbito nacional, vai além da repressão ao crime, pois visa resguardar a dignidade da pessoa humana, além de salvar vidas. Na repressão ao trabalho escravo, a Polícia Federal atua em duas frentes: 1) de forma encoberta (regra), por meio das investigações policiais, desencadeadas a partir de notícias-crimes recebidas por diversas fontes; e 2) de forma ostensiva e coordenada, apoiando fiscalizações juntamente com a Auditoria-Fiscal do Trabalho, o Ministério Público do Trabalho, a Defensoria Pública Federal e o Ministério Público Federal.

A Polícia Federal deflagrou, no ano de 2021, 47 operações policiais especiais, representando aumento de 470% em comparação com o ano de 2020, bem como foi responsável pelo apoio de 57% das ações do Grupo Especial de Fiscalização Móvel – GEFM, nas fiscalizações de trabalho escravo em todo o território nacional, tendo auxiliado no resgate de 764 trabalhadores ao longo de 2021.

quarta-feira, 27 de outubro de 2021

Com fome e sem água de qualidade, trabalhadores em situação análoga à escravidão são resgatados no Maranhão

Ação da DPU.
Entre os dias 11 e 22 de outubro, a Defensoria Pública da União (DPU) integrou o Grupo Especial de Fiscalização Móvel (GEFM), que verificou a denúncia da existência de trabalhadores em condições análogas à escravidão no município de Balsas, no interior do Maranhão. A ação resgatou 25 trabalhadores e obteve o pagamento de cerca de R$ 100 mil em verbas trabalhistas. 

Foram fiscalizados três locais, nos quais os trabalhadores resgatados viviam em condições degradantes, não possuíam equipamentos de segurança, tinham pouco acesso à comida e eram impedidos de sair.

No primeiro, a equipe encontrou uma fazenda com seis trabalhadores que faziam alojamento para carvoarias. Estavam instalados em barracos de lona, sua alimentação era feita em fogueiras e só podiam tomar banho num rio do qual também tiravam água para beber e cozinhar.

No segundo local fiscalizado, foram regatados coletores de pequi, que também estavam instalados em situação precária numa fazenda. Já no terceiro local, os trabalhadores estavam em uma área que seria de construção civil, mas que, na verdade, era um alojamento para carvoarias, nas quais trabalhavam em situação análoga a de escravidão.

Além da Defensoria Pública da União, participaram da operação o Ministério Público do Trabalho, auditores fiscais e a Policia Militar do Maranhão.

A DPU foi representada pela defensora pública federal Tarcijany Linhares Aguiar. "A atuação da Defensoria Pública da União é de suma importância nessas ações de combate ao trabalho escravo. Primeiro, porque dá uma maior segurança aos trabalhadores que estão naquela situação degradante. Em segundo lugar, porque garante que as verbas serão pagas pelo empregador. A atuação da DPU garante que as indenizações individuais sejam concedidas aos trabalhadores, em razão da situação precária na qual eles são obrigados a viver nesses locais que são fiscalizados", ressaltou.

Ainda segundo a defensora, além do suporte jurídico, a operação também fornece suporte psicológico para que esses trabalhadores consigam ter a confiança para conversar e desabafar sobre o que passaram. "A DPU também faz a ponte entre o trabalhador e os CRAS que vão receber essas pessoas resgatadas e fazer a sua inserção em programas assistenciais disponibilizados para essa população super carente", destacou.

sábado, 25 de setembro de 2021

Trabalhadores mantidos em condições análogas à escravidão são resgatados em fazendas maranhenses

Trabalho escravo no Maranhão.
Operações coordenadas por Auditores-Fiscais do Trabalho em municípios do interior do Maranhão resultaram no resgate de 15 trabalhadores submetidos a condições análogas às de escravo no mês de setembro. Dos resgatados, 13 foram encontrados por Auditores-Fiscais do Trabalho da Gerência Regional do Trabalho em Imperatriz em uma fazenda destinada ao cultivo de grãos na cidade de Bom Jesus das Selvas. 

Já o resgate de outros dois foi realizado por integrantes do Grupo Especial de Fiscalização Móvel (GEFM) em duas fazendas, nos municípios de Açailândia e Amarante do Maranhão, respectivamente.

Presença de intermediário (“gato”)

Na propriedade de Bom Jesus das Selvas, os trabalhadores resgatados laboravam para dois empregadores e foram arregimentados por um “gato”, nome comumente utilizado para designar a pessoa que intermedeia irregularmente a contratação de empregados. Alguns desses trabalhadores inclusive informaram que se evadiram da fazenda no momento da fiscalização por ordem do intermediário.

A equipe de fiscalização constatou que nas frentes de trabalho não existiam instalações sanitárias e nem abrigo contra intempéries onde os trabalhadores pudessem tomar suas refeições.

Parte dos trabalhadores estava alojada numa pequena casa de alvenaria da fazenda. Havia apenas um banheiro, sem porta, com vaso sanitário dentro de um quarto que era compartilhado por trabalhadores de ambos os sexos. Também restou constatado que a caixa de descarga não funcionava, de modo que cada trabalhador, após o uso, jogava água com um balde.

Além disso, não havia energia elétrica no local, o que, além de dificultar a conservação dos alimentos, obrigava os trabalhadores a usarem lamparinas ou lanternas próprias para garantirem o mínimo de iluminação à noite.

Os trabalhadores, que laboravam na mais absoluta informalidade eram remunerados por produção, conforme a quantidade de sacas de milho batido. Entre os trabalhadores resgatados, havia um adolescente com 16 anos de idade e um trabalhador que está recebendo parcelas do Seguro-Desemprego.

Idoso resgatado em Açailândia

Em uma fazenda situada no Assentamento Terra Nova, zona rural de Açailândia, Auditores-Fiscais do Trabalho do GEFM encontraram um trabalhador - idoso de 68 anos - que realizava, com uso de tratores agrícolas, serviços de preparação da terra para plantio de soja e aplicação de agrotóxicos.

De acordo com a equipe de fiscalização, o trabalhador estava alojado há mais de 14 anos em uma casa de madeira no interior da propriedade. O imóvel apresentava precário estado de conservação, asseio, segurança e conforto.

Já em uma propriedade do município de Amarante do Maranhão, o GEFM resgatou um trabalhador que realizava atividade de roço de pastos com foices e aplicação de agrotóxicos. Ele ficava alojado em barracão sem paredes e com piso de terra batida, no interior do qual ele fez um cômodo cujas paredes foram improvisadas com pedaços de lona, palhas de palmeiras, uma porta de madeira solta e varas, no qual dormia.

Interdição

A Auditoria-Fiscal do Trabalho interditou a frente de serviço de aplicação de agrotóxicos em Amarante do Maranhão, com fundamento técnico na ausência de capacitação para desempenho das atividades e devido ao não fornecimento de equipamentos de proteção individual e de vestimentas adequadas aos trabalhadores.

quarta-feira, 14 de julho de 2021

Vargem Grande: Trabalhadores mantidos em condições análogas à escravidão recebem apoio e se preparam para retornar ao Ceará

Equipe da Assistência Social na delegacia.
Por Blog do Alpanir Mesquita.

Conforme publicado pelo Titular do Blog em primeira mão e amplamente divulgado pela imprensa estadual, nesta terça-feira (13) a polícia civil e a guarda municipal de Vargem Grande resgataram 14 trabalhadores oriundos do estado do Ceará que estavam sendo mantidos em condições análogas à escravidão.

As vítimas foram submetidas pelos prepostos de seus empregadores a uma jornada extenuante de trabalho (cerca de 12 horas diárias), alojamentos imundos, sem água encanada ou banheiros e alimentação indigna (arroz, ovos e mortadela). O cativeiro, localizado no povoado Mucambo, só foi descoberto após três vítimas procurarem alimentos e pedirem ajuda aos moradores daquela localidade, que denunciaram o fato à polícia. Durante a operação, uma pessoa foi presa (relembre).
Secretária Nicoly Mesquita e equipe da Semas dialogam com as vítimas.
Durante esta quarta-feira (14) os trabalhadores prestaram depoimentos na delegacia de polícia civil de Vargem Grande, onde foram ouvidos pelo delegado Bruno Sobreira. Já a secretaria municipal de Assistência Social, por meio da equipe técnica do CREAS, providenciou alimentação e hospedagem adequada ao grupo, formado por 12 homens adultos, uma mulher e um adolescente. 

Também foi mantido contato com as autoridades de Uruoca, cidade natal das vítimas, para tratar sobre o retorno. A expectativa é que eles embarquem para o Ceará até o final de semana. A secretaria municipal de Saúde realizará o atendimento médico necessário (testes rápidos, glicemia, aferição de pressão arterial, etc) a todos eles nesta quinta-feira (15).