sexta-feira, 25 de julho de 2025

Por que o Maranhão comemora sua independência em 28 de julho?

Professor Marcelo Cheche.
Por que o Maranhão comemora sua independência em 28 de julho? Uma pesquisa conduzida pelo professor Marcelo Cheche Galves, do curso de História da Universidade Estadual do Maranhão (Uema), busca responder essa pergunta a partir do contexto político das décadas de 1970 e 1820. O estudo analisa as comemorações realizadas em 1973, ano em que o presidente Emílio Garrastazú Médici participou de eventos oficiais em São Luís marcando os 150 anos da adesão do Maranhão ao Império.

A pesquisa parte da constatação de que, embora o Brasil tenha proclamado sua independência em 7 de setembro de 1822, o Maranhão só aderiu à nova ordem em 28 de julho de 1823. Ainda assim, essa data só ganhou destaque nacional durante o regime militar, com eventos articulados para fortalecer a imagem do governo. Em sua visita ao estado, Médici foi homenageado, inaugurou prédios públicos e reforçou a conexão entre passado histórico e propaganda do presente.

O trabalho usa como fonte os jornais Jornal Pequeno, O Imparcial e Jornal do Dia, além de documentos do Arquivo Nacional. Segundo o professor Marcelo, o estudo busca entender como uma memória local foi institucionalizada como feriado oficial, especialmente a partir de 1973: “O 28 de julho havia sido ignorado em 1972, por não constar no calendário nacional dos festejos do Sesquicentenário. A comemoração ganhou força como evento local apenas no ano seguinte, com a presença do presidente”.

A pesquisa é financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema), com previsão de conclusão em 2026. O professor Marcelo destaca que o objetivo não é apenas resgatar os registros históricos, mas refletir sobre como o poder político influencia a construção das datas comemorativas no Brasil.

A pesquisa pode ajudar a imprensa e o público a compreender melhor as origens do feriado estadual de 28 de julho, data que muitas vezes é celebrada sem que se conheça o contexto político e histórico por trás de sua oficialização.

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