Luciana e o pai Braguinha. |
MEU PAI, MEU HERÓI, MEU GRANDE AMIGO.
Francisco Rodrigues Braga, Braguinha, meu pai, meu herói, meu grande amigo. De um coração enorme, alegria contagiante e amor incomparável. Nos foi tirado tão precocemente por um vírus tão cruel. Foram onze dias de luta, onde mostrou força e a coragem que sempre teve, na busca incessante pela sobrevivência. Mas a vontade de Deus é soberana.
Você me esperava todos os dias ao meio dia naquela UTI, e ao me ver as lágrimas caiam, eu me segurava, para poder lhe passar força e confiança, que tudo daria certo, que você sairia daquela situação, que voltaríamos juntos para casa, como sempre fazíamos. Porém, desta vez quis o destino que fosse diferente. Todas as vezes que subia aquela rampa, ia com o coração na mão, orando, pedindo, acreditando. Naquele último dia, já acordei triste, sentia algo estranho que nem eu mesma sabia explicar. Ao subir a rampa, a vontade de chorar tomava conta de mim, respirei fundo e entrei, e lhe vi pela última vez ainda com vida, sei que sentiu a minha presença, o coração batia forte, mas você como sempre quis me proteger, queria que eu estivesse lá com você antes de partir, mas esperou eu sair para não te ver ir falecendo aos poucos.
Deus quis que eu estivesse contigo nos teus últimos momentos, não me deixando pegar esse vírus que tanto tem causado dor e sofrimento, te via através dos vidros, queria poder segurar a sua mão, mas não era permitido, então eu fazia um coração com as mãos para você, e você respondia da mesma forma e me dava tchau. Eu pude dizer antes de você ser entubado, que eu te amava, que você era forte e que iria conseguir. Porém, me sentia tão impotente sem poder fazer nada para te ajudar. Naquele dia, naquele último dia eu disse: Senhor quero muito que meu pai fique bem, mas ele está sofrendo, que seja feita a sua vontade e não a minha. E você se foi para os braços do pai, e hoje a saudade e as lembranças é o que nos restam.
Não é fácil, nunca foi fácil, mas é a vida. Sofrer a dor da perda nesses tempos de coronavírus é um direito suspenso. Não pude lhe proporcionar um velório digno do grande homem, do maravilhoso pai que você sempre foi, mas senti a necessidade de fazer o que você muito fazia, conduzir os cortejos fúnebres ao som de uma música, e assim fiz.
Lidar com essa dor num momento em que não se pode sequer colocar uma roupa no falecido, nem velar, nem ver e nem receber um abraço tem tornado a morte ainda mais triste e cruel. A impossibilidade de viver o luto deixará marcas profundas. De um modo geral, esses rituais nos ajudam a compreender e aceitar que aquela pessoa que você tanto ama partiu.
Mas a despedida nos foi negada, e a morte se mostrou muito pior. Esse tempo nos impõe um extremo: não podemos cuidar de nossos doentes, nem velar nossos mortos. Não podemos pacificar a morte, nem recolocar a dor na ordem das lutas cotidianas da vida. Não podemos nos conformar. Ninguém merece morrer na solidão, é muito triste.
Bom pai, filho carinhoso, bom amigo, enterrado sem direito a uma flor, em um saco plástico, meu coração sangra de tanta dor. A morte nunca se mostrou tão triste, tão cruel.
Meu pai, meu orgulho, aquele que me ensinou muitas das coisas que sei, de repente sumiu da minha vida. Como se pode superar uma dor tão angustiante assim, ainda procuro respostas? Mas entendo que a vontade de Deus é soberana, e só cabe a nós, aceitar e continuar orando, para que Deus em sua infinita bondade, console os nossos corações e lhe dê o descanso eterno, fazendo morada ao seu lado. Vou continuar honrando sua partida em cada dia da minha existência, praticando no meu dia a dia os princípios que me foram transmitidos por você pai.
É difícil erguer a cabeça e continuar, sabendo que não te tenho mais por perto. Você Pai, que era minha inspiração. Mas continuarei a lembrar e guardarei na memória e no coração o grande homem que você foi, sei que sempre estará ao nosso lado de alguma forma.
Hoje nos resta a saudade, e a certeza do seu amor incondicional por nós e da sua alegria que era contagiante.
Aproveito para agradecer em especial minha mãe, pelo seu amor e dedicação incondicional ao meu pai todos esses anos de vida, aos meus irmãos e netos (Gabriel, Alícia, Ísis e Gael), tenho a plena convicção que tornaram os dias do meu pai aqui na terra mais alegres, pois vocês eram a vida dele. Agradeço as minhas tias irmãs da minha mãe, pela irmandade, companheirismo e força durante todos os anos de vida do meu pai. À família Braga, na pessoa de Jones Braga e Fábio Braga, pelo companheirismo.
Agradeço aos médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem, vigias, motoristas, cozinheiras, recepcionistas, direção, enfim, todos que compõem a família do Hospital Municipal Madalena Braga de Nina Rodrigues, à toda equipe que compõe a unidade básica de saúde Dr. José Martins, a todos agradeço pelo cuidado dedicado ao meu pai. Agradeço ao meu esposo pelo apoio e companheirismo, por passar o dia inteiro comigo na frente do hospital, pois eu não queria ficar longe do meu pai. Ao Wellington e Dioney, que por muitas vezes deixaram seus afazeres para o levarem para realizar exames ou resolver algo. Meus sinceros agradecimentos a Francisca, Maria, Leles, Leidiane, Jessica, Nega, minha cunhada Halaine pelo cuidado com minha família. À família Leão em nome de dona Lúcia e do seu filho Thiago pelo apoio, força e acolhida durante esses onze dias de luta e angustia. À gestão municipal em nome do prefeito Rodrigues, pela preocupação e cuidado. À minha sogra Noêmia pelo grande carinho por mim e pela minha família, por ter ficado durante esses onze dias cuidando da minha filha. Aos meus primos, em nome do meu primo André que cuidou de todo o processo funerário. Aos nossos vizinhos pelo companheirismo. A Maive Pimenta, que através de uma amiga me mantinha informada sobre o estado de saúde do meu pai na UPA. A dra Joselma Barbosa, a Kelly, Bruno Matos pela ajuda em tentar conseguir um leito de UTI para meu pai. Aos meus amigos em nome da minha amiga Gracimar que esteve comigo entrando de fininho na UTI para ficar ao meu lado. Agradeço a todos que oraram pela recuperação do meu pai, pelas mensagens de força, fé e esperança. A todas as pessoas, que ao saberem da notícia de seu falecimento, se dirigiram até a minha casa para prestarem solidariedade a minha família. Também agradeço aquelas pessoas que foram dar seu último adeus ao meu pai mesmo em meio a esta pandemia. Agradeço também a todos que não puderam ir por algum motivo, e aqueles que prestaram solidariedade através de mensagens, de uma ligação, eu consigo compreender o momento em que vivemos, sei que estavam conosco em pensamento. O meu obrigada de coração.
Saudades eternas sentiremos meu pai, meu amigo, meu companheiro, meu confidente, bom pai, bom amigo, bom companheiro. Sua ausência dói todos os dias e sua falta é palpável em todos os lugares. Descanse em paz e saiba que o amaremos para sempre. Eternamente BRAGUINHA.
Luciana do Braguinha e Família.
OBS: A MINHA FAMÍLIA AINDA SOFRE PRECONCEITO, MAS GOSTARIA DE EXTERNAR QUE O PRECONCEITO SE TORNOU NADA, DIANTE DA TAMANHA DOR QUE ESTAMOS SENTINDO!
Texto lindo e cada palavra digna de uma pessoa muito especial.Sem sombra de dúvidas, ele nos deixará muitas saudades.
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