![]() |
Quebradeiras de coco de Chapadinha. |
Na comunidade, a lavradora aprendeu a aproveitar o coco babaçu de maneira integral, especialmente o mesocarpo do fruto, localizado entre a casca dura (endocarpo) e a amêndoa (semente), o que possibilitou o preparo de novos produtos para comercialização. Em 2007, nove anos após se mudar para o Canto do Ferreira, Maria Lúcia se juntou a outras 60 mulheres que viviam da agricultura familiar para fundar a Associação das Quebradeiras de Coco de Chapadinha.
“Quando viemos morar na comunidade, foi porque o governo comprou essa área e nos deu. Antes disso, não tínhamos terra para morar, nem para trabalhar. Vivíamos em outras propriedades, mas as áreas eram pequenas. Lá, o babaçu não dava para a gente sobreviver, então precisávamos buscar sustento em outros lugares. Antes, nós quebrávamos o coco só para tirar amêndoas e trocar por outras coisas no comércio. Não foi fácil. Foi um desafio muito grande chegar até onde estamos hoje”, explicou Maria Lúcia, fundadora e primeira presidente da associação.
Com o passar dos anos, as mulheres da associação desenvolveram diversos produtos oriundos do aproveitamento integral do coco babaçu, como óleo, azeite, farinha, além de biscoitos, pães e bolos — esses últimos feitos a partir do mesocarpo do fruto. Contudo, o aproveitamento não se limita ao preparo de alimentos. Segundo Maria Lúcia, da casca do babaçu é produzido carvão vegetal; o óleo extraído das amêndoas serve como matéria-prima para sabão; e os bagaços do mesocarpo são utilizados como adubo para as plantações.
“Fomos nos desenvolvendo com informação, com esforço e com coragem para pedir ajuda. Hoje, nada do babaçu se perde: da casca, fazemos carvão; da amêndoa, tiramos o azeite. O óleo vira sabão, e até os bagaços que saem do mesocarpo, a gente seca e usa como adubo nas plantações. Estamos aqui com esse desafio de crescer cada vez mais, porque o babaçu é isso: é força, é natureza, é sobrevivência. É a graça de Deus nas nossas vidas”, disse.
Atualmente, 28 famílias fazem parte da Associação das Quebradeiras do Coco de Chapadinha. Maria Lúcia enfatiza que o apoio de instituições, como o Sebrae, foram fundamentais para o aperfeiçoamento do trabalho desenvolvido na comunidade. “Contamos com o apoio do Sebrae, do Senar, AGERP e da Secretaria de Agricultura do município. Tudo isso ajudou muito para a gente se aperfeiçoar, entender melhor nosso trabalho e crescer”, destacou.
Parceria com o Sebrae
Desde sua fundação, em 2007, a associação vem recebendo apoio do Sebrae em diversas áreas, passando pela gestão organizacional e financeira até práticas de higienização e qualidade. Por meio desse acompanhamento contínuo, as mulheres do grupo aprenderam conceitos como associativismo e gestão organizacional, compreendendo o papel de cada membro da diretoria, a importância das reservas financeiras, dos custos fixos e da prestação de contas.
O Sebrae também trabalha no suporte à elaboração e execução de projetos estratégicos para a associação. Recentemente, um desses projetos possibilitou o apoio financeiro de R$ 50 mil através do Fundo Casa Socioambiental, organização que busca fortalecer pequenas iniciativas que promovem a conservação e a sustentabilidade ambiental. Com o recurso, as quebradeiras de coco adquiriram novos equipamentos, como um compressor e um kit multimídia, fortalecendo ainda mais a estrutura do grupo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário