segunda-feira, 18 de março de 2019

Ameaçada, doméstica recorre à Patrulha Maria da Penha: “Eu não dormia, agora me sinto protegida”

Patrulha Maria da Penha em ação (Foto: Carlos Pereira).
Mãe de uma criança de 5 anos, a empregada doméstica Luciana (nome fictício) já não conseguia dormir tranquila, com medo de um iminente ataque do pai de seu filho, que lhe enviava mensagens em constante tom de ameaça.

Moradora de uma casa modesta na periferia de São Luís, a jovem de 31 anos vinha sofrendo com as investidas do ex-companheiro, ao mesmo tempo em que amargava o fantasma do desemprego.

Com receio de ser vítima de agressões, mas sem dinheiro até para comprar comida para o filho, Luciana precisava da pensão do ex-marido para garantir ao menos o alimento em casa. Foi aí que sua vida começou a mudar.

Ao saber que Luciana vinha sofrendo ameaças, o advogado que deu entrada no pedido de pagamento de pensão alimentícia a alertou que ela deveria registrar ocorrência sobre o caso.

Hoje, Luciana pode dormir com segurança. Atualmente ela é uma das mulheres assistidas pela Patrulha Maria da Penha, grupamento da Polícia Militar do Maranhão (PMMA) especializado no combate à violência contra a mulher.

Com duas viaturas exclusivas, cada uma com três policiais – dois homens e uma mulher –, há dois anos a Patrulha Maria da Penha realiza atendimentos nas residências de vitimas de violência doméstica ou sob medidas protetivas, como é o caso de Luciana.

A empregada doméstica conta que tudo mudou desde que passou a ser assistida pela Patrulha Maria da Penha. “Agora eu me sinto protegida. Se ele [o agressor] vê o carro da Patrulha aqui na frente de casa, ele já vai ficar com medo e não vai querer se aproximar. A minha vida mudou completamente, eu nem dormia de noite”, relata.

Há cinco meses a Patrulha Maria da Penha faz acompanhamento na casa de Luciana. Lá os policiais aplicam questionário, coletam novas informações e dão instruções à assistida. Em casos como o da doméstica, que está desempregada e em condições de vulnerabilidade social, a Patrulha realiza ainda a entrega de cestas básicas.

“Eu tô um pouco aperreada e o pai do meu filho não está ajudando em nada. Pra gente não passar fome, eu questionei a eles [policiais da Patrulha] que eu tava indo ao meu ex, mas lá eu fui empurrada”, conta, com a voz embargada.

Coordenadora estadual da Patrulha Maria da Penha, a coronel Augusta Andrade explica que, desde que foi criado, o grupamento já atendeu mais de 4 mil mulheres e que são realizadas de 18 a 22 visitas diárias. “Por mês a gente atende mais de 300 mulheres, fora quando ligam para nos informar que o agressor está próximo, importunando. Quando é uma situação muito grave, a gente solicita também a prisão preventiva desse agressor”, esclarece a coordenadora.

Segundo a coronel Augusta, o retorno vem sendo positivo. A expectativa é que haja a interiorização do serviço e o incremento de mais duas viaturas no grupamento. “Essas mulheres acreditam muito nesse trabalho. Muita das vezes elas não conseguiam dormir direito porque tinham medo de serem atacadas pelo companheiro. Elas não tinham mais sossego, não tinham mais vida”, ressalta.

A coronel Augusta lembra ainda que desde abril de 2018 o descumprimento de medidas protetivas é crime e que a Patrulha já efetuou a prisão de mais de 70 agressores. “A partir do momento que ele descumpre, ele vai ser levado para a delegacia, autuado em flagrante e encaminhado para o presídio”, ressalta.

Casa da Mulher Brasileira

Para ter acesso ao atendimento da Patrulha Maria da Penha, as mulheres devem primeiramente registrar boletim de ocorrência na Delegacia da Mulher, que em São Luís fica localizada na Casa da Mulher Brasileira, unidade que reúne um conjunto de serviços públicos disponíveis 24 horas por dia para mulheres vítimas de violência.

Para a coronel Augusta Andrade, a Casa da Mulher Brasileira dinamizou o atendimento, atuando para que elas se “sintam encorajadas” para pedir ajuda. “Essa Casa tem todos os serviços que ela necessita. Antes, as mulheres tinham que fazer uma peregrinação que às vezes terminava em desistência. Com a preocupação do Governo do Estado em atender bem essa mulher e cuidar dessa mulher, nestes dois últimos anos essas políticas públicas de valorização e acolhimento dessas mulheres tem crescido no Maranhão”, garante.

Faça sua parte e denuncie casos de violência contra a mulher

Ligue 180
Capital: 3223-5800
Interior: 0300-3135-800
Casa da Mulher Brasileira / Delegacia da Mulher: Av. Prof. Carlos Cunha, 572, São Luís – MA.

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