Soldada da PM. |
Tatiane é policial militar há sete anos, mas também é mãe e dona de casa. O filho, de dois anos, ainda mama no peito. Durante o evento, após cumprir seis horas de trabalho em pé, e sem pausa para alimentação, recebeu uma ordem de um superior para continuar trabalhando, mesmo depois do turno completo.
“Fui informada que o policiamento seria estendido até o término do evento, que a gente não sabia até que horário. Eu já estava sem condições físicas de permanecer, eu já estava cansada e não tinha tudo nenhum tipo de alimentação. Eu estava com meu filho pequeno, que precisava de amamentação. Eu fui até o meu comandante imediato, expliquei a situação e, infelizmente, ele não me ouviu. Simplesmente, disse que, se eu não cumprisse a determinação dele, eu seria presa em flagrante por desobediência", conta a policial.
Quem deu a ordem foi o tenente Mário Sérgio Oliveira Brito. O marido de Tatiane, que estava esperando ela sair do trabalho, filmou a prisão. A policial foi levada em uma viatura para o Comando Geral da Polícia Militar, em São Luís, onde ficou presa por 24 horas.
“Fui conduzida por desobediência, onde só fui solta com o alvará de soltura. E também me surpreendeu porque, junto com o alvará, veio um ofício solicitando a minha transferência do batalhão, infelizmente”, afirmou.
Tatiane trabalhava na cidade de Imperatriz, no interior do Maranhão, e foi transferida para São Luís depois de divulgar episódios de assédio sexual dentro da Polícia Militar. Na época, ela gravou um vídeo para as redes sociais.
“Eu fiz um curso de moto porque queria servir a sociedade de verdade. Assim que eu me formei, o antigo comandante do Esquadrão Águia falou para mim o seguinte. Que enquanto ele fosse comandante, eu não voltava pro esquadrão. Sabe por que? Porque eu sofri assédio sexual, entendeu? E eu não cedi pra ele. Hoje eu não tenho mais condição de trabalhar porque eu não aguento mais esse lugar”, relatou a policial. Após o episódio mais recente, a policial pediu afastamento para fazer tratamento psicológico. A forma como Tatiane foi tratada pelo superior dela chamou a atenção de entidades que defendem os direitos das mulheres e os direitos humanos.
O Secretário de Segurança Pública afirmou que a policial Tatiane está sendo acompanhada pela rede de proteção imediata para as mulheres militares do estado, e que ela foi realocada para o Batalhão de Segurança Comunitária para que pudesse ficar mais tempo com o filho.
Do G1 MA.
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