terça-feira, 5 de junho de 2018

Nini Barros: Sua história jamais será esquecida e seu legado ficará para as próximas gerações

Nini Barros com a irmã Luciana Tognon e Elizabeth Frick.
Por Blog do Alpanir Mesquita.

A notícia do falecimento de Nini Barros chocou toda população vargem-grandense e também das cidades vizinhas na manhã desta terça-feira (05). Apesar da idade avançada, no auge dos seus 93 anos, e também das complicações de saúde que a idade impõe ao ser humano, ninguém esperava essa perda.

No último dia 20, Nini passou mal durante missa na Igreja Matriz de Vargem Grande e precisou ser socorrida às pressas (reveja). Desde então apresentou uma série de complicações que culminaram em sua transferência para um hospital de São Luís na semana passada e nesta manhã não resistiu. Sua história jamais será esquecida e seu legado ficará para as próximas gerações.

No dia 20 de novembro de 2017, quando Nini Barros completou 93 anos de idade, o Titular do Blog prestou importante homenagem que ficará para história. O texto "Nini Barros, 93 anos de história e de dedicação ao povo de Vargem Grande" foi produzido com a colaboração da professora Ana Socorro Ramos Braga. Você pode conferir a publicação original AQUI.

Nini Barros, 93 anos de história e de dedicação ao povo de Vargem Grande

Nini, que foi batizada pelo nome de Eurídice Garret Barros, nasceu a 20 de novembro de 1924, em Vargem Grande, Maranhão. 

Ela descende de família tradicional e fervorosamente católica. Seu pai, Luís Gonzaga de Barros, foi comerciante abastardo, político e colaborador da Igreja. Era na casa dela que ficavam hospedados os padres quando a cidade não tinha um vigário permanente nem uma casa paroquial. Vivendo desde criança nesse ambiente de cooperação com a igreja católica ela começou a ajudar nos afazeres da igreja até se transformar na principal porta voz do sistema de som que ficou conhecido com A Voz do Santuário. São alto falantes posicionados no alto da torre da igreja que informam aos habitantes a programação da Igreja de São Sebastião nos dias ordinários e, nos dias de festa, anunciam e organizam a procissão, fazem as alvoradas festivas com músicas, ainda servem como utilidade pública comunicando achados e perdidos, roubados ou ainda os pontos de encontro e horários de saída das inúmeras caravanas de romeiros. Ao longo do tempo este veículo de comunicação foi apropriado pelo povo que para fazer todo tipo de comunicado como a perda ou roubo de um objeto, por exemplo. Os termos "bota na Nini" ou “põe na Nini” são conhecidos como indicação de que para algo ter conhecimento público é necessário passar pela voz da Nini que, por sua vez, dá a cada anúncio um toque especial, que só ela saber fazer.

Ao nível das relações, Nini tornou-se uma espécie de mediadora entre os padres, os romeiros e o poder político local, pois São Raimundo de Mulundus traz gente de muito longe. Era ela quem recebia os pagadores de promessas batiam à sua porta para que abrisse a igreja e o pagamento de promessa fosse feito. No entanto, o atendimento requeria que a joia, no mínimo, correspondesse ao valor do sacrifício de abrir a igreja fora do horário regular. Além disso, por meio da voz do santuário, ela ainda hoje reclama da falta de energia ou de água em algum bairro e chama à responsabilização a autoridade competente no assunto. Solicita ainda que o som dos carros que ficam na praça da Igreja respeitem o horário da Missa, bem como o sono dos padres e da vizinhança. Assim ela toma para si as angustia e necessidades do povo fazendo como se fossem também suas as inúmeras urgências que lhe chegam às mãos para que, por meio de sua voz tornem-se do conhecimento de todos da cidade.  Por isso mesmo inúmeras piadas circulam sobre este assunto fazendo deste função um patrimônio dos vargem-grandenses.

Durante mais de trinta anos ela, que tinha como renda financeira apenas uma pequena aposentadoria como agente administrativo, criou, ao lado de sua residência, um pequeno estabelecimento para a comercialização de cerveja e refrigerante e caldo, o famoso e saudoso Caldo da Nini. Além de ser um lugar para matar a ressaca foi um ponto de encontro, de debates, de atualização política e de confraternização, principalmente de jovens da esquerda vargem-grandense. Não por acaso o bloco tradicional Couro de Bode fez dela sua presidente de honra.

Solteira, ela não tem filhos, no entanto são muitos filhos que ela incentivou apoiou e protegeu. As gerações de vargem-grandenses lhe rendem homenagem neste dia pela passagem dos seus 93 anos.

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